O tapete rolante da caixa do supermercado parou e a trabalhadora anunciou a conta. O casal largou os pacotes de bolacha que tinha nas mãos. Entreolhou-se num ápice e murmurou quase em uníssono: "Não dá".
Corpo do artigo
Comunicou que teria de abdicar de algumas coisas. A menina da caixa chamou a chefe e começou a lista de rejeições. O casal levantou os olhos para quem estava na fila e soltou um "desculpem" envergonhado. Recebeu sorrisos solidários. Refeitas as contas, a mulher voltou a pegar nas bolachas. "Os meninos gostam. Temos é de rever o orçamento", atalhou. A empregada garantiu que são muitos os que estão fazer o mesmo. Na fila fez-se silêncio. Chegada a minha vez, dei por mim a olhar atentamente para a conta. Era maior, apesar de usar a mesma lista. Vou ter de juntar uma calculadora e preparar as costas para a procura de artigos mais baratos. O problema é que são raros.
*Jornalista