"Tens namorada?". O catraio, uns seis anitos reguilas, demorou a responder à senhora da mesa ao lado. E fê-lo calado. Ergueu a mão direita e mostrou quatro dedos.
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"Quatro? Ui! Hoje vai ser bonito dares prendas a todas", riu-se a mulher, perante a mãe apenas atenta ao telemóvel. Fez-se silêncio. O menino fitou a prateleira da pasteleira: havia corações com chocolates e morangos. "Mãe, tens de comprar cinco bolos daqueles", apontou. A mãe continuou calada.
A senhora da mesa ao lado voltou a intervir. "Cinco? Não eram quatro namoradas?". Resposta pronta do pequeno: "Eu também tenho boca". Resposta azeda da mãe: "Têm muito açúcar e corantes. E não tens namoradas". O miúdo, humilhado, começou a chorar. A mãe pagou e saiu. A velha senhora pediu "um coração doce com um garfinho", dando uma justificação: "Não tenho namorado, mas sou gulosa".
Jornalista