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Se seguisse a campanha apenas pela Comunicação Social, estaria deprimido. Porque esta, copiando cada vez mais o mau exemplo do “Correio da Manhã” (jornal e televisão), privilegia a forma e não o conteúdo. Onde o que interessa são os casos e casinhos, os “acidentes” e o sound bite; em que os protagonistas são os comentadores (e muitas vezes os jornalistas transformados em vedetas) e não os candidatos; onde as sondagens são diárias, contraditórias, manipuladas e dadas como certezas (e tema de intermináveis e ainda mais manipuladores “debates”). A que se junta uma vergonhosa parcialidade, privilegiando a bipolarização e discriminando alguns, como é o notório caso da CDU.
Mas, felizmente, participo na campanha eleitoral através do contacto direto com as pessoas. Onde, apesar de saber que as posições que defendo são minoritárias, somos bem recebidos e conseguimos, olhos nos olhos e no respeito pela diferença, trocar opiniões e argumentos. Onde vejo o país real que comentadores bem instalados na vida não conseguem enxergar. E é nesse contacto que bebo a confiança em resultados melhores e reganho a esperança num verdadeiro futuro para o país.
Força que redobro quando vejo tanta gente que, tendo abandonado o PCP e protagonizado mesmo projetos adversários, nestas eleições afirmam publicamente que votarão na CDU, juntando-se a muitos outros que o assumem publicamente pela primeira vez. Porque, tal como disse Melo Antunes na noite de 25 de novembro de 1975, o PCP é fundamental para a democracia e para o país. Não apenas no quadro desta Assembleia da República, mas para o futuro. Porque, gostemos ou não do PCP, sabemos que ele desempenha um papel fundamental na defesa dos mais desfavorecidos e na resistência às políticas neoliberais que querem destruir o nosso Estado social.
E, não o esquecendo, porque quando crescem as forças mais radicais da Direita, sabemos que, tal como antes do 25 de Abril, o PCP não desertará desse combate.