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Há quem possa pensar que a essência do futebol é o jogo dentro do relvado, a bola a correr de um lado para o outro e a magia de quem tem talento para levantar um estádio. Numa perspetiva minimalista esta visão corresponde a uma parte da realidade, porque a verdadeira essência do futebol são os adeptos, a paixão de quem sente o clube até às entranhas do corpo, a loucura de quem chora quando perde e vibra nas vitórias impossíveis. São os adeptos que puxam pelas equipas no campo, ajudam a levantá-las, mas também podem enterrá-las quando os resultados ditam leis. Por isso, os treinadores dizem que o público é soberano, tanto a aplaudir como a assobiar mediante o que se vê no relvado.
Ora o F. C. Porto talvez seja o clube em Portugal que melhor tem sabido reacender esta essência do futebol, ao criar uma relação muito especial com os adeptos, assente num princípio de grande proximidade. Foram os sócios que escolheram André Villas-Boas numa eleição histórica, que conduziu à derrota de Pinto da Costa, e o novo presidente está a gerir muito bem esta dívida de gratidão, à custa de uma enorme generosidade. São os sócios que entregam o prémio de melhor em campo aos jogadores e até são chamados ao museu para depositar troféus nos momentos de glória.
Todos estes gestos demonstram que o presidente do F. C. Porto tem consciência sobre a importância da essência do futebol, sabedor que um clube nunca é grande sem ter a paixão dos sócios por perto. Foi também dentro desse princípio que cumpriu a promessa eleitoral de criar o portal da transparência para terminar com a opacidade que muitas vezes caracteriza o futebol português. Esta ideia devia ser colocada em prática por todos, sobretudo porque o futebol se transformou num enorme negócio à custa das sociedades anónimas desportivas. A essência é fundamental. E os clubes deviam recuperá-la como está a fazer o F. C. Porto.