Há algo em comum entre a Polícia Judiciária Militar e a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que se apresentou nas Nações Unidas com o filho de três meses ao colo e o marido ao lado. Ambos procuraram brilhar na opinião pública. O desfecho é que não foi igual.
Corpo do artigo
O caso das altas esferas da PJ Militar, que forjaram o desfecho da investigação de um roubo que embaraça qualquer país, para saírem a ganhar numa suposta disputa com a PJ civil, chega a dar-nos vergonha. Percebemos que aqueles que nos deviam proteger estão mais preocupados em dar tiros na própria trincheira, sem que ninguém perceba de onde saíram, para ficar nas headlines dos jornais e TV. É quase como passar filtros nas fotografias do Instagram para conseguir muitos "likes".
Já Jacinda Ardern estreou-se na ONU com um discurso que, por muito mau que fosse, ficaria diluído nos olhos pueris do seu filho de três meses, o mesmo que maternalmente trazia ao colo. Também ela, naturalmente, procurou atenção mediática e fazer um "statement" de que ser mãe, mulher e líder de um país não é impedimento para nada. E a verdade é que conseguiu: no mesmo dia, no mesmo "frame", vemos a líder, a esposa e a mãe. É inspirador. Mas quem se lembra do seu discurso?
Há várias formas de ter atenção. Às vezes, o enredo pode ser bem mais surpreendente do que uma telenovela. Mas a verdade é quase sempre como o azeite, vem à tona. No caso de Tancos, o azeite já está mais do que inquinado.
Podem polir as medalhas e fazer exemplarmente a continência, mas o que deviam ensinar na recruta era que a obrigação que têm com o país está mais na espinha dorsal do que nas botas bem polidas.
É uma pena que, em vez de chegarem às manchetes por estes motivos, não cheguem porque as suas patentes foram fazer a parada com os seus filhos recém-nascidos. Aí, sim, seria uma boa notícia.
SUBDIRETOR