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Em 42 anos como jornalista, foram imensos os casos de salários em atraso e de despedimentos coletivos que acompanhei. Sou do tempo das bandeiras negras no Vale do Ave, da fome que trabalhadores passavam enquanto empresários se passeavam em “porsches”, da luta no calçado sobre imposição de tempo nas idas aos sanitários, da resistência ao fim do fundo de risco dos cantoneiros. Nunca pensei que, um dia, o meu posto de trabalho e outros 500 seriam notícia porque estão em causa. Nem que as contas estariam a zeros por falta de salários, situação dramática perante compromissos, incluindo o de trabalhar mesmo sem receber. Mas tenho fé, cada dia mais forte com a solidariedade da sociedade civil, nomeadamente de leitores. Sem jornalismo, não há democracia nem liberdade. Há manipulação, há medo, há injustiça. E casos iguais aos nossos ficarão na esfera dos segredos.