A sirene dos bombeiros toca. Há incêndio grande nas vizinhanças. Tal como em outros locais do país. No televisor, ouço relatos de aflição. Todos falam em casas em risco.
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Mas preocupam-me as pessoas. As que nelas habitam e as que tentam ajudar. E os bombeiros, gente incansável e que terá sempre a minha gratidão. O vento e o calor são apontados como culpados. Leio, porém, que há já detidos por acendimentos criminosos. Nada de novo. Todos os anos as notícias parecem fotocópias de anteriores. Mudam os lugares porque a vegetação demora a crescer. O fogo, esse, aparece sempre. Como uma fatalidade. Sei bem o que se sente quando ele ronda. O coração acelera e o medo cheira-se a milhas. Sei profissionalmente. Sei o que dizem os olhos de quem sofre no terreno. O que não esquecerei são os gritos das árvores. Sim, elas também gritam com dor. Façamos luto por elas.
Jornalista