À medida que se vão conhecendo os factos (e não a propaganda) em torno do que efetivamente se passou no processo negocial do Orçamento do Estado, torna-se cada vez mais claro que o PS forçou eleições antecipadas.
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Respaldado na chantagem de Marcelo (Orçamento ou eleições) e no clima de guerra civil dos dois principais partidos da Direita, Costa roeu a corda para forçar o voto contra dos partidos à sua Esquerda, não aceitando as suas propostas. Para montar uma colossal operação de vitimização, condição necessária para pedir a maioria absoluta.
Alguns dirão que, face a este cenário, era melhor deixar passar o Orçamento. O problema é que, se tal acontecesse, PCP, BE e PEV tornar-se-iam irrelevantes do ponto de vista negocial, dado que, presos pela chantagem do medo do "dia seguinte", ficariam reféns da vontade do PS, independentemente de este aceitar, ou não, as suas propostas - que eram, tão-só, mais verbas para o SNS, um aumento substancial (justo e exequível) do salário mínimo e mais proteção legal para os assalariados. Sendo que, em orçamentos anteriores, propostas da Esquerda aceites pelo PS não foram concretizadas, por força das cativações ou da falta de vontade - o que não é sério e minou a confiança. O Governo procura fazer crer que este era o Orçamento mais à Esquerda de sempre. A realidade mostra que não. Basta ler as notícias diárias sobre o colapso do SNS, sobre os despejos de famílias e comerciantes, sobre os aumentos da energia (e a inflação que aí virá), sobre o empobrecimento de cidadãos que trabalham, para saber que, não obstante os milhares de milhões da bazuca, o caminho proposto não é, infelizmente, de Esquerda.
*Engenheiro