Em 2020, realizámos menos 11,5 milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, 26 milhões de atos de diagnóstico, 1,3 milhões de consultas médicas hospitalares e 126 mil cirurgias. Mais 400 mil pessoas deixaram de ter rastreio oncológico atualizado.
Corpo do artigo
Nos primeiros dois meses deste ano, menos 2 milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, 2 milhões de atos de diagnóstico, 291 mil consultas médicas hospitalares e 37 mil cirurgias. Em termos de rastreios, menos 145 mil mulheres realizaram mamografia, menos 191 mil colpocitologia, e menos 175 mil pessoas fizeram o rastreio para o cancro do colon e reto.
No início do mês de março, uma portaria dava até final do mês às regiões de saúde para definirem um regulamento de incentivos aos profissionais dos centros de saúde.
Ontem, este jornal trazia à capa "incentivos aos centros de saúde sem efeito na recuperação de consultas", dando nota que as regiões ainda estão a definir os regulamentos. Para além disso, os médicos alertam para a sobrecarga de trabalho associada ao programa de vacinação.
Muitos não sabem que estão doentes. Outros perderam a oportunidade de serem tratados. Milhares esperam pela sua vez. O que está a ser feito para responder a estes portugueses?
Em "O ser e o nada", Jean-Paul Sartre analisa o ser na sua mais pura essência. Tão pura que só existe para a própria consciência do ser mesmo. É um pouco como muitos despachos e portarias. De tão intrinsecamente inúteis não são nada.
*Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares