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Em fevereiro passado, numa apresentação feita pelo Banco Central Europeu aos governadores dos bancos centrais nacionais, evidenciava-se que grande parte da inflação se deve ao aumento dos lucros das empresas. Ou seja, aproveitando a onda, as empresas subiram os preços dos seus produtos e serviços muito mais do que o crescimento dos custos das matérias-primas e dos salários, aumentando, assim, os lucros. Apesar deste estudo, Christine Lagarde, presidente do BCE, veio a Portugal dizer que temos de conter os salários porque é o seu “aumento” o causador da inflação (quando todos sabemos que, na generalidade, os aumentos salariais, quando os houve, ficaram aquém da inflação, ou seja, diminuíram em termos reais).
Lagarde, ex-dirigente de um partido de Direita francês, aplica um dos mandamentos do capitalismo: proteger os lucros à custa dos salários (que não o seu, já que ganha 416 mil euros anuais...). Assim tem sido em Portugal. Por isso se opõem a que sejam os lucros da Banca a suportar parte dos aumentos dos juros, fazendo um “sacrifício” para minimizar o impacto negativo do aumento das taxas de juro Euribor na vida das pessoas (durante a troica, os salários das pessoas foram cortados, literalmente, para permitir, entre outras coisas, apoiar os bancos). Por isso não aceitam que as cadeias de distribuição abdiquem de uma parte dos seus lucros (que aumentaram brutalmente nos últimos tempos), reduzindo preços para minimizarem o impacto na vida das famílias (muitas a passarem privações alimentares). Porque, para o Governo, os lucros são sagrados e a justiça social uma treta.
Escusam é de dizer que o que fazem é uma inevitabilidade! É, isso sim, uma opção. De classe, em que se privilegiam os poderosos à custa dos desfavorecidos.
Deputado municipal