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Sem querer, Rui Costa deu alguns sinais de que a contratação de José Mourinho já estava nos planos, quando convocou uma conferência de imprensa para a uma hora da madrugada a anunciar o despedimento de Bruno Lage. Mandar embora um técnico a seguir a um jogo de futebol até pode ser normal, mas torná-la pública daquela forma tão mediática enquadra-se na perspetiva de um presidente que também é candidato e está a fazer uma gestão política dos acontecimentos para tentar somar pontos junto dos sócios, logo após uma derrota inexplicável com o Qarabag para a Liga dos Campeões.
Rui Costa anunciou ainda que o futuro treinador já estaria no banco na Vila das Aves, quando o Benfica medisse forças com o AVS no fim de semana. Ou seja, o presidente nem esperou para meditar e escolher quem reunia mais consenso, já tinha um plano e um perfil escolhidos, mais do que isso, já teria até um nome em cima da mesa e com margem para o poder contratar, sabendo até que do outro lado poderia haver vontade para que o casamento se consumasse.
É este o contexto da contratação de Mourinho, alguém com um passado intocável de títulos e momentos de glória, mas que já não é o homem que agitou o futebol como uma brisa fresca e inovadora, a desafiar todas as probabilidades. O que não o impede de funcionar como um escudo protetor do presidente até finais de outubro, quando decorrerem uma das eleições mais concorridas da história do clube. Esse escudo será bom para Rui Costa. Mas os resultados terão de aparecer.