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Já perdi a conta aos dias de greves na CP. Nada contra quem luta por direitos e regalias laborais e que usa um instrumento que serve de pressão. Mas é à empresa que pagamos o serviço e deve ser a empresa a responder pela falta dele. Serviços mínimos é coisa que não existe nas últimas paralisações e dizer que há autocarros para minimizar transtornos só pode ser para quem não vive o drama da falta de transportes públicos. Devolução do dinheiro de passes é algo que poucos reclamam e há cautelas em arriscar viajar sem eles, não vá um milagre trazer acordo negocial a meio do mês. À hora em que escrevo (19.17 de ontem), o site da CP indicava que havia atrasos nos poucos comboios a circular, que chegavam aos 150 minutos. Perante a aflição de um familiar, liguei para a linha de apoio ao cliente para saber de garantias até às 23 horas. Ultrapassadas as burocracias de teclas, eis que o mau humor causado pela CP é por ela atenuado com a música instrumental da espera. Trata-se de “I just called to say I love you”, de Stevie Wonder, canção de baba e ranho de 1984 . Não, CP, não liguei para dizer que te amo. Mas não descarrilei nas palavras porque me ri com tal escolha. O resto é outra música.
*Jornalista