A minha mãe, que morreu fez ontem cinco anos, tinha por hábito colocar um prato na mesa da consoada e reservar um lugar.
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Era um ritual que me fazia confusão, mas quando cresci e perdi o meu pai, consegui entender essa homenagem. A minha mãe começou, então, a dizer que era um lugar para lembrar o meu pai e outros ausentes. Vivos ou mortos. Há cinco anos que cumpro a sua vontade. Há sempre um prato num dos lugares cimeiros da mesa que fica, até ao dia de Natal, intocável. Para homenagear a minha mãe, o meu pai, o meu irmão mais novo, o meu sobrinho e tantos outros que já não vejo no Natal. Ao contrário de quando era pequena, não me deprime ver o lugar vazio. Nem me faz chorar. Lembro os momentos bons que tive nestes dias de festa com os ausentes e sinto-me bem. E agradeço por ter outros lugares ocupados na época e fora dela. Bom Natal, leitores.
*Jornalista