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É verdade que uma votação que só representa 22% dos eleitores inscritos vale o que vale, mas não deixa de ser um sinal do que vai na alma dos nossos emigrantes, mormente os que se espalham há gerações pela Europa. Deram a vitória ao discurso xenófobo e anti-imigração do Chega, esquecendo-se do passado que lhes corre nos genes. Esqueceram, designadamente, a vida às escondidas em barracas nos bidonvilles e em caravanas velhas em descampados à margem dos lugares onde arranjavam empregos de fortuna. Esqueceram o desprezo com que, em crianças, eram olhados pelos demais. Esqueceram os estereótipos medonhos com que foram brindados - mulheres de bigode é apenas um exemplo. Esqueceram que o caminho da imigração foi o deles e que tiveram a sorte de sobreviver às provações. Se a Europa do pós-guerra não fosse tão visceralmente avessa a xenofobias, o que teria sido de todos eles?