A propósito da nomeação de Costa e Silva como consultor do Governo para a elaboração de um plano de recuperação económica, Rui Rio afirmou que o PSD só reuniria com o Governo se os seus interlocutores fossem ministros e não um "consultor".
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Tem, neste caso, Rio completa razão. Os processos negociais devem ser institucionais, ou seja, entre quem tem responsabilidades governamentais ou legislativas.
Mas, ao fazê-lo, Rio esquece que fez exatamente o contrário enquanto presidente da Câmara do Porto! De facto, em 2006, após ter obtido maioria absoluta, Rio decidiu nomear Poças Martins para a presidência da Águas do Porto.
Mas como tinha definido no seu anterior mandato, e bem, que os vencimentos dos membros das administrações das empresas municipais eram iguais aos dos vereadores a tempo inteiro, Poças Martins não aceitou essas condições. Rio deveria, naturalmente, ter-se virado para outra pessoa. Mas não.
Do alto dos seus propagados princípios éticos, inventou um fato à medida: criou um cargo fictício de "presidente da Comissão de Reestruturação" para a qual nomeou Poças Martins. Uma função de staff, desempenhada por um consultor (que faturava serviços em nome de uma empresa), pagando-lhe valores exorbitantes para a realidade municipal.
E que, na prática, mandava na empresa, perante a vergonhosa cumplicidade da sua administração, presidida por um vereador do CDS. Mas Rio fez mais e impôs que, nas reuniões da Câmara, quem representava a empresa (que naturalmente ali tinha de ir prestar contas) era o consultor.
Com quem eu me recusei, sempre, a interagir. Porque, como dizia, um vereador, eleito, não tem por interlocutor um consultor... Pois é, dr. Rui Rio, eu mantenho a posição. O senhor mudou de opinião?
*Engenheiro