Parece um dado adquirido para a maioria das pessoas, e até para os mais aguerridos críticos, ser mínimo o risco de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2 no congresso do PCP, marcado para o próximo fim de semana.
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É conhecida a capacidade de organização dos militantes comunistas e disso deram provas, há pouco mais de dois meses, quando realizaram a Festa do Avante! Se os comunistas adiassem a sua reunião estatutária poupariam, é certo, dissabores a si próprios e ao Governo de António Costa, acusado de estar a proteger o PCP para garantir um voto favorável no Orçamento do Estado para 2021. Esgotado o argumento do perigo sanitário, os mais cínicos argumentam que o PCP devia adiar o Congresso, sob pena de estar afastar eleitores, que não compreendem ter de ficar em casa quando uns políticos teimosos se reúnem para discutir o futuro do seu partido. Nunca vi tanta gente preocupada com o resultado eleitoral do PCP.
A reunião dos comunistas, como é evidente, será feita nos estritos limites da lei, não poderia ser de outra maneira. O que é estranho é ver tantos portugueses a abdicarem das prerrogativas previstas, mesmo num estado de exceção como o que vivemos. Continuamos a ser cidadãos, a manter direitos cívicos: e é esse exemplo que o PCP nos dá. Mesmo num estado de emergência, em que a nossa vida aparece seriamente limitada, as bases da democracia não podem ser beliscadas. António Costa, no passado sábado, prevendo que o iriam questionar sobre o malfadado Congresso comunista, lembrou, citando a lei de 1986, que "as reuniões dos órgãos estatutários dos partidos políticos, sindicatos e associações profissionais não serão em caso algum proibidas, dissolvidas ou submetidas a autorização prévia". Alguns querem agora mudar a lei e não será por acaso que o primeiro passo surge do Chega, depois de ilustres membros do PSD terem sugerido isso mesmo.
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