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Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin ou Fernando Haddad. Um destes cinco candidatos terá a missão de liderar, nos próximos cinco anos, o maior país da América do Sul e da região da América Latina, o quinto maior do Mundo em área territorial (o equivalente a 47% do território sul-americano), o sexto em população (207 milhões, segundo dados de 2016 do Banco Mundial) e o oitavo maior PIB à escala global (tanto nominalmente considerado, como por paridade do poder de compra).
Num quadro de enorme instabilidade social e política e num clima de radicalização discursiva por parte dos candidatos, a escolha do povo brasileiro assume uma dimensão particularmente relevante. É o futuro do sistema político-partidário no seu todo e a credibilidade e a solidez das instituições e do próprio Estado que estão verdadeiramente em causa nestas eleições.
O Brasil conviveu nos últimos anos com inúmeros, demasiados, escândalos judiciais que envolveram figuras de primeira linha da política e dos negócios. Lula da Silva, ex-presidente e ex-aspirante a candidato (!), cumpre uma pena de 12 anos pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, cumpre 15 anos por corrupção e recebimento indevido de vantagem. Os ex-deputados José Dirceu e João Vaccari Neto, os ex-ministros A. Palocci e Paulo Bernardo, o ex-senador Renan Calheiros foram, também eles, condenados ou indiciados pela prática dos crimes de corrupção e de recebimento indevido de vantagem. A Operação Lava Jato, conduzida por Sérgio Moro, evidenciou, de forma cristalina, estas e outras fragilidades e ineficiências do sistema político-partidário brasileiro.
Em meados do próximo mês, o povo brasileiro tem na sua mão a soberana oportunidade de iniciar a reconstrução política e social do seu país. As sondagens e os estudos de opinião mais recentes mostram um Brasil dividido entre o populismo e o discurso antissistema de Bolsonaro - que lhe têm valido o primeiro lugar nas intenções de voto, mas também uma taxa de rejeição na ordem dos 40% - e os três candidatos mais à Esquerda: Haddad (candidato do PT e "herdeiro" de Lula), Ciro Gomes (que apresentava até há poucos dias o melhor score à Esquerda) e Marina Silva (ex-senadora, ex-ministra do Ambiente num dos governos de Lula da Silva e candidata derrotada nas duas últimas eleições).
Por todas as razões e mais uma, estas são provavelmente as eleições mais imprevisíveis desde o regresso da democracia ao país, na década de 80. Por todas as razões e mais uma, o Brasil não pode falhar.
* GESTOR DE EMPRESAS