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A forma como os clubes abordam o mercado de transferências é uma boa maneira de tirar conclusões objetivas das intenções dos presidentes. Quem investe milhões está a dar um sinal claro que pretende atacar o título nacional e também camuflar que o planeamento realizado na pré-temporada esteve longe de corresponder aos verdadeiros anseios dos treinadores. Depois há os que preferem ficar sem os anéis para verem a conta bancária aumentar e confiar nos dedos até conseguirem milagres no final da época.
O F. C. Porto enquadra-se neste último grupo por ter sido o clube português que mais faturou no mercado de inverno, ao realizar 110 milhões de euros pelas transferências de Galeno e Nico González para o Al Ahli e o Manchester City, respetivamente. Perante o peso do dinheiro, as ofertas tornaram-se irrecusáveis num clube a contar todos os tostões desde o início da temporada e que dá um sinal inequívoco de que a conquista do título está num plano cada vez mais secundário, em detrimento da recuperação financeira. Num quadro de enorme fragilidade, André Villas-Boas optou pelo caminho mais sensato e racional, ao dar um passo atrás com a consciência de que pode dar dois em frente num futuro muito próximo.
Basta olhar para o passado e pensar no resultado da auditoria para se perceber que o caminho da recuperação financeira tinha de ser prioritário e bem acima dos resultados desportivos por muito que isso pudesse ferir os sonhos dos adeptos. Aparentemente, o F. C. Porto volta a ter o oxigénio que faltava para construir um plantel competitivo, à imagem da exigência do clube, e assim atacar o campeonato de forma feroz e objetiva na próxima temporada. Os dragões ganham trunfos que têm o reverso da medalha de exporem a SAD. Na próxima época, já não será um ano zero. Será a doer. E em tudo.
*Editor