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Lamento informar: pais mal comportados nos jogos de formação é um fenómeno que não é novo nem vai terminar nos próximos anos. Muitos projetam nos filhos os sonhos que nunca concretizaram ou vêem neles uma grande oportunidade de negócio para transformar os dias tristes de uma vida dura num futuro risonho e próspero. Os adultos têm atitudes condenáveis porque a sociedade perdeu valores fundamentais e a lógica da formação inverteu-se, quando passou a ser paga pelos pais que se dão ao direito de exigir mundos e fundos.
Podem apresentar-se estudos sociológicos, mas a formação é um negócio rentável para muitos clubes porque o dinheiro das mensalidades ajuda a sustentar o futebol sénior que é a bandeira mais visível de qualquer instituição. Tudo assente em treinadores mal pagos que se sujeitam às regras do jogo para melhorar o currículo e atingirem outros patamares.
No meio desta amálgama, há ainda a falta de coragem de muitos clubes. Conhecem o perfil dos pais incendiários, que provocam os adversários e atacam os árbitros sem conhecerem as regras do futebol. Mas nem todos têm a coragem de aplicar castigos exemplares e afastar os maus exemplos das bancadas, porque temem que isso possa ter um efeito prejudicial e ficarem sem os melhores jogadores como forma de retaliação. Depois admiram-se por termos maus árbitros. Quantos jovens já desistiram da arbitragem porque também foram agredidos por pais?