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Estava na hora do almoço quando a campainha de casa tocou. Perguntei várias vezes quem era, mas só consegui ouvir passos na rua. Pensei que era brincadeira ou engano no andar. Saí para um café. Abri a caixa do correio e saltou-se um jornal. O “Jornal de Notícias”. Fiquei espantada. Não recebo o jornal em casa, logo pensei que seria para algum vizinho. Mas depois reparei numa frase escrita junto ao cabeçalho. “Estamos juntos, estamos consigo”, li. Senti o coração pular, as lágrimas a sair, a emoção a secar a garganta. De quem viria tal ato? Soube ao chegar à pastelaria vizinha: os trabalhadores acharam por bem deixar-me o exemplar do JN na caixa do correio como forma de mostrar solidariedade com os dias difíceis que vivemos. “Aqui, o JN é o jornal da casa”, diziam, aos gritos. E eu, embaraçada perante olhares de outros clientes, desabei e só dizia, meia parva: “Obrigada, obrigada”.