Sempre tive medo das ondas do mar. Ouço-as bater, com fúria, em dias de marés altas e fico com medo. Mas essas ondas só as ouço e vejo.
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Receio-as pelos danos que podem causar, mas, na verdade, estou segura. Agora tenho medo de outras ondas. Dessas que não se ouvem nem se veem, mas que mutilam. São assassinas porque carregadas de vírus, enganadoras porque atacam mesmo quem foge. Por causa destas ondas ganhei um sentimento terrível: tenho saudades de pessoas mas tenho medo delas. O isolamento a que me imponho traz tristeza e cada contacto à distância é motivo de satisfação. Não sei até quando viveremos neste sai ou não sai, fecha ou não fecha, testa ou não testa. As vacinas são esperança ténue perante as variantes, mas são esperança. A máscara, adereço obrigatório. E o "olháonda", frase de praia, tornou-se em expressão com sentido em todo o lado. Cuidem-se.
Jornalista