Foi notícia no Porto, esta semana, a demolição da Casa da Consulta, no chamado "Cais do Marégrafo" (a que os portuenses chamam "Pilotos"), na barra do Douro.
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Logo se levantou um justificado coro de protestos, de populares da Foz (mas não só!), escaldados com outras demolições de edifícios históricos e emblemáticos, vítimas do afã imobiliário que varre a cidade com a conivência da maioria municipal.
Perante os protestos, lá veio a APDL (que superintende aquele espaço e os equipamentos nele localizados) esclarecer que esse edifício era irrelevante e que a sua demolição visa proceder à requalificação da envolvente do farol de S. Miguel-o-Anjo, tornando-o mais atrativo e utilizável pelas pessoas. A questão é esta opacidade com que se fazem intervenções no espaço público, sem qualquer preocupação em esclarecer previamente as pessoas, que depois são surpreendidas por demolições que as fazem temer o pior. Problema que teria sido resolvido se a APDL tivesse colocado no local uma imagem, naturalmente virtual, do projeto de intervenção e uma descrição dos objetivos da mesma. Teria sido assim tão difícil?
Idêntica situação se passa com o chamado jardim Mota Galiza, hoje entaipado e revolto pelas obras que permitirão à linha Amarela do metro lá chegar. Naturalmente que os portuenses, que se habituaram àquele aprazível espaço verde, estão apreensivos. Apreensão que não passa pelo facto de saberem que o autor da reabilitação do espaço é o arquiteto Souto Moura. Não teria sido possível divulgar previamente como ficará o espaço após a obra?
Lamenta-se que, em particular, a Câmara do Porto não tenha este cuidado de transparência e que não se sinta obrigada a esclarecer e a envolver as pessoas nos projetos de construção da cidade. O que é um mau sinal......
PS - Por decisão, corretíssima, do JN, e dada a minha qualidade de candidato autárquico, suspenderei a minha coluna até depois das eleições. Um bom resto de verão para todos!
Engenheiro