Levantava-se cedo, vestia com lentidão um dos fatos que tinha sempre impecáveis e pedia ajuda na escolha da gravata. Ficava bonito. Aliás, era um homem bonito o meu pai.
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E, no dia do seu aniversário, a 25 de abril, ganhava uma vida nova nos olhos grandes e pestanudos. Almoço fora de casa, mesmo que a um dia de semana calhasse, e um bolo depois do jantar, com velas a preceito.
Ele gostava que cantassem os parabéns. Mesmo que as vozes fossem poucas porque a vida espalhou filhos e netos pelo país. Segunda-feira, vou fazer um bolo. Simples, de laranja, como ele gostava. Não terá velas nem cantarei os parabéns. Vou apenas saboreá-lo em sua homenagem.
E contar ao neto, que não o conheceu, coisas boas que com ele partilhei. Uma delas é o amor ao próximo, à vida. Faria 98 anos se o seu coração não parasse aos 49. E é no meu coração que permanecerá. Sempre.
*Jornalista