Tive o privilégio de fazer 14 anos na Ucrânia, num momento inolvidável já que participava no Festival "Que sempre brilhe o Sol", que juntou milhares de crianças e adolescentes de todo o Mundo.
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O lema do festival, iniciativa da organização de pioneiros soviética, tinha subjacente a defesa da paz, condição essencial para que o Sol continuasse a brilhar para todos. Dois ou três anos depois, devorei os quatro volumes de "O Don tranquilo", do Prémio Nobel Mikail Chólokhov, um impressionante fresco da Ucrânia e, em especial, da chamada região do (rio) Don, nas primeiras décadas do século XX - e que nos ajuda a entender, pela história e pela cultura do povo retratado, o que hoje se passa.
Estas recordações têm-me vindo à memória, agora que assistimos ao drama da invasão da Ucrânia pelas tropas russas. Invasão que só pode merecer a mais veemente repulsa dos cidadãos de todo o Mundo. Invasão que, personificada em Putin, não é obra de um homem só, antes de um sistema oligárquico capitalista que se ergueu, acarinhado pelo "Ocidente", sobre os escombros do sistema soviético - e aproveitando o pior de muitos daqueles que, vivendo à sua custa, tanto contribuíram para a sua (auto)destruição.
É, por isso, fundamental dizermos "não!" a esta invasão e exigirmos que qualquer conflito seja tratado no quadro da Carta da ONU e da Ata Final da Conferência de Helsínquia sobre a Paz na Europa.
Invasão que, repito-o, é inadmissível, e que representa o regresso da barbárie a uma Europa, que, arvorando-se em farol da civilização e modelo para o Mundo, não consegue, pelos vistos, viver sem uma guerra ciclicamente!...
Engenheiro