Ainda eu nem sonhava que viria a existir um Dia Internacional de Consciencialização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, que se celebrou ontem pela primeira vez, e já os meus pais me obrigavam a não deixar ficar comida no prato.
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Nessa altura o argumento aduzido rezava que era preciso lembrarmo-nos de quem passava fome, o que já me parecia bastante. Mas hoje os argumentos são ainda mais e mais universais e foi por isso também que foi criado o movimento "Não Me Lixes", que visa combater um problema sério, aliando o sentido de humor ao sentido de responsabilidade. Estratégia que para mim faz todo o sentido.
A AGAVI - Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade, conjuntamente com a AHRESP, a LIPOR, a AEP - Associação Empresarial de Portugal e a Santa Casa da Misericórdia do Porto voltaram a apostar numa campanha nacional de sensibilização e numa agenda anual de ações contra o desperdício que querem estender a todo o país e tentarão abranger todos os portugueses.
Porque conheço alguns dos organizadores e tenho acompanhado como posso esta meritória e imaginativa iniciativa sei que está a ser preparada uma campanha nacional que envolve os principais média e redes sociais e que será animada por uma rede de embaixadores - influencers da área da cultura e espetáculo, chefs de cozinha, enólogos e agentes económicos que lidam com o alimento. Todos juntos numa missão cultural e geracional capaz de mudar comportamentos e de reduzir drasticamente o desperdício em Portugal. Ainda ontem o nosso JN dava conta de que a promoção da venda de alimentos em final de prazo conseguiu, só em 2019, evitar o desperdício de 9 mil toneladas desses produtos. Como não há bela sem senão, o senão desta bela notícia vinha logo de seguida: embora não existam ainda dados exatos, estima-se que só em Portugal, por ano, se desperdicem mil milhões de quilos de alimentos. É mesmo caso para dizer, mil milhões de quilos é muito quilo! Não me lixem que o caso é mesmo sério!
De acordo com os organizadores desta campanha, perdemos milhares de milhões de euros em desperdício que apenas existe por comportamentos culturais desadequados ou falta de planeamento. O poder público tem que ter uma abordagem pragmática do problema, impondo regras e boas práticas e penalizando quem as não cumprir. Ao mesmo tempo, deve estimular e premiar as ações que diminuam concretamente o desperdício de recursos e afirmem uma cultura de respeito e harmonia com a natureza. Mais ações como estas e menos conversa é o que se pede e o que se deseja. Do meu lado vou continuar a lembrar-me todos os dias de não deixar nada no prato. Pôr tudo em pratos limpos é mesmo o que eu gosto.
Empresário