Fui num pé e vim noutro buscar pão quente à confeitaria junto a casa. Ainda não tinha entrado quando me surpreendi com os olhares fixos no televisor. "Futebol?", perguntei aos meus botões, dado que não sou seguidora da modalidade. Não era. A reportagem em direto de Ighran, Marrocos, era o centro de atenções.
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A minha esperança no ser humano cresceu quando ouvi palavras de solidariedade para os pais e para quem lá estava, em multidão, a assistir ao resgate do pequeno Rayan, de cinco anos, preso num poço com 32 metros de profundidade e 45 centímetros de diâmetro. Na hora não interessava, a quem fixava o ecrã, nacionalidades, religiões ou políticas. Apenas havia uma criança em risco e um silêncio quebrado pelo tirar de cafés. Pedi num sussurro os pães e deixei-me ficar a ver aqueles rostos consternados. De coração cheio, apesar da tragédia. Obrigada, pessoas.
*Jornalista