Na semana passada, abordei aqui a necessidade de os autarcas do Grande Porto, em vez de carpirem mágoas, se empenharem em garantir que o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência inscrevesse verbas que nos permitam concluir a rede de metro do Porto.
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Foi, entretanto, divulgado o conteúdo desse plano, entregue por António Costa em Bruxelas. E, na componente da mobilidade sustentável, estão inscritos dois investimentos: a ligação Casa da Música às Devesas (299 milhões de euros) e a linha de metrobus do Campo Alegre (88 milhões de euros).
Não questiono a importância destes investimentos, mas não posso deixar de manifestar a minha perplexidade. Em primeiro lugar, a inscrição destas linhas no PRR ultrapassa o estudo que os autarcas e o Governo se comprometeram a fazer em fevereiro deste ano, precisamente para definir as linhas prioritárias, e que, pelo que se sabe, ainda não foi concluído. Em segundo lugar, a opção por uma linha de metrobus no Campo Alegre nunca foi discutida pelos órgãos autárquicos da cidade.
Estamos, assim, perante um processo muito pouco transparente que decorre, como diria Rui Moreira (preocupado, e bem, com a TAP, mas alheio à rede de transportes públicos da cidade e da região...), perante o "silêncio sepulcral" dos presidentes de Câmara e da Área Metropolitana do Porto.
Mas, apesar de o processo nascer torto, a verdade é que temos 860 milhões inscritos no Programa Nacional de Investimentos para as redes de metro e de metrobus da AMP e, agora, 387 milhões de euros do PRR (que se juntam aos 290 milhões já alocados às linhas de S. Bento à Casa da Música e à expansão da linha amarela até Vila d'Este).
Espero que, ao contrário do que diz o ditado, este processo, que nasce torto, se endireite. E que os autarcas da região, não se percam, como infelizmente é habitual, em questiúnculas estéreis, e estejam à altura do desafio.
Engenheiro