Nos últimos tempos temos visto, no Porto, várias obras para implementar ciclovias em diversas ruas. Nada me move, antes pelo contrário, contra este meio de transporte. Mas aquilo que está a ser feito no Porto não me parece adequado nem enquadrado numa estratégia de mobilidade.
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Temos um problema que passa pelo uso excessivo do transporte automóvel individual. Situação que decorre dos ritmos de vida (casa, trabalho, escolas e atividades complementares dos filhos) e, também, da inexistência de um serviço de transportes públicos de qualidade. Para além, naturalmente, de uma questão cultural que nos faz privilegiar o automóvel.
Creio, assim, que a prioridade tem de ser dada ao transporte público, melhorando a cobertura e complementaridade da sua rede, aumentando a frequência, baixando os preços e aumentando o conforto. Muita coisa tem sido feita a este nível nos últimos anos, mas devíamos continuar esta aposta, o que implicava aumentar os corredores bus, algo que não tem acontecido. Surgem, porém, ciclovias sem qualquer preocupação de definição de percursos. Falamos, isso sim, em segmentos cicláveis, com grande aparato ao nível da sinalética, mas que, efetivamente, têm pouca utilidade.
Ver a "autoestrada" para bicicletas na zona do Bom Sucesso, cheia de interseções, e que termina ao fim de 300 m, remetendo os ciclistas para os passeios ou para as faixas de rodagem, não lembra ao diabo! Ou ver que os utentes de autocarros que antes passavam do passeio para o interior do mesmo e, agora, têm de descer o passeio e atravessar dois metros para, de um plano inferior, acederem ao autocarro é inverter prioridades. E custa, numa cidade com uma população tão envelhecida, ver gastar tanto dinheiro nestes segmentos cicláveis enquanto os passeios adjacentes continuam deteriorados provocando inúmeras quedas...... Não será melhor parar para pensar?
Engenheiro