À hora que escrevo esta crónica o vento anda à volta do prédio como um leão a rugir, levando gotas da chuva para todos os cantos e fazendo das ruas um deserto.
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Sempre que isto acontece, lembro-me dos que moram nas ruas, por má sorte ou opção, com plásticos e cartões como proteção e entradas de loja como casa. Conheço quem, mesmo em noites de meter medo como esta, deixe o conforto e vá, de rua em rua, procurar dar algo quente para quem tem o céu como teto. E sinto-me grata por saber que há pessoas para quem o ser humano nunca será indiferente. Da minha janela, vejo quem venha buscar gatos vadios, molhados até aos ossos, para uma garagem. E sinto-me grata por saber que há pessoas para quem um ser vivo deve ser sempre protegido. Ser solidário tem muitas formas, mas passa sempre por calçar os sapatos dos outros. É tempo disso.
Jornalista
