Corpo do artigo
Estava atrasada para uns exames médicos. Subi as escadas e aguardei vez. Quando procurei a carteira para mostrar o cartão de cidadão entrei em pânico: não estava na bolsa. Momentos antes tinha-a tido na mão para verificar se trouxera aquele documento. Deixei a senhora do guiché de boca aberta quando, atarantada, comecei a olhar para os cantos todos no chão. Voltei à rua. Passei por um homem encostado à parede. Vi no passeio, no carro... Nada. Desesperei. Encostei-me a uma árvore. O homem aproximou-se e perguntou-me se tinha perdido alguma coisa. “A minha carteira”. Ele meteu a mão no casaco. “É esta?”. Apeteceu-me abraçar o desconhecido. Não sei quantas vezes disse obrigado. Nem quantas lhe perguntei como agradecer. Perguntei-lhe o nome. “Carlos”, respondeu, acenando um adeus. Há dias de sorte porque encontramos gente séria. Grata.