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O meu irmão mais novo, que o coração matou precocemente, gostava de ir ao centro comercial Stop, na Rua do Heroísmo, no Porto, ouvir uma banda composta por amigos. Vinha sempre a trautear músicas diferentes e com um sorriso de quem tinha esgotado, nessas idas a estúdios, o stresse.
Fui lá uma vez com ele. Assisti a um ensaio e, como a coisa estava difícil de acertar, acabei por esperar por ele à porta. Nesse dia, estava longe de adivinhar que o meu filho seria um admirador de bandas do Stop e que, à custa disso, começaria a escrever músicas como autodidata aos 14 anos e acabaria a tirar uma licenciatura em som.
Sei de gente que por lá trabalha que se esforça por ganhar para pagar contas com muitas horas de ensaios e que gastou uma pipa de euros em material.
Os amigos do meu irmão já deram a volta e poucos continuam como artistas porque os anos pesam para andar na estrada, sobretudo no verão, a fazer pela vida com colunas gigantes e outros artefactos ligados a espetáculos.
No lugar deles outros vieram e ficaram. Não sabem é se vão continuar a ter lugar no Stop. O centro comercial foi fechado a 18 de julho e ontem reabriu com uma dúvida pesada: até quando? Haja bom senso.