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Este é o aniversário mais agridoce na história recente do JN. Celebramos 136 anos a fechar um período conturbado, em que foi pública a crise que nos ameaçou, e ainda com dificuldades que afetam a redação e os colaboradores com salários em atraso. Celebramos, contudo, de olhos postos no futuro, sabendo que estamos prestes a entrar num novo ciclo e que temos connosco a força de tantos que levantaram a voz em defesa de um jornalismo isento, rigoroso e de proximidade.
Estão bem marcadas na nossa pele as cicatrizes dos dias duros que temos vivido. Não para que elas nos causem azedume, muito menos para que nos mantenham a olhar para trás ou para o chão. As crises, ainda assim, contribuem para nos ajudar a focar no essencial e a fazer escolhas. A construir, sem hesitações, o caminho que é do “Jornal de Notícias” por legado e por direito dos leitores.
Neste como noutros momentos de atropelo aos requisitos e exigências da profissão, a redação do JN tem estado mobilizada, recorrendo às instâncias reguladoras sempre que é preciso blindar ingerências e mantendo um Conselho de Redação vigilante. Esta semana, voltou a ser dada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social razão a algumas das denúncias apresentadas. Os jornalistas têm feito a sua parte, resistindo na defesa intransigente da sua liberdade e integridade.
Este é o tempo de também os investidores perceberem a especificidade e exigência do setor. E, adicionalmente, de os poderes políticos assumirem a responsabilidade de olhar para uma atividade que serve a população e é crucial para uma democracia forte e saudável. A desinformação é um problema sério e importa que todos nos mobilizemos para conter os seus efeitos e ameaças a direitos que damos por adquiridos.
O JN está na rua, está junto das pessoas, está nas mais diversas geografias. O jornalismo estará vivo enquanto tiver terreno, gente e alma. O que se consegue com recursos e condições efetivas para que os jornalistas façam o seu trabalho sem constrangimentos. A liberdade de Imprensa não pode ser mera palavra ou desejo. É luta diária.