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Hoje, mais de 3% dos portugueses residem em Vila Nova de Gaia. A grandeza do terceiro concelho mais populoso do país, com um território quatro vezes superior ao do Porto e 15 km de orla marítima e 17 km de orla fluvial impõe, por si só, uma singular complexidade à gestão do município e atribui à liderança política projeção regional e nacional.
Vila Nova de Gaia partilha com o Porto muito mais que as últimas léguas do rio Douro em direção ao Atlântico. Partilha uma história secular derivada de uma coexistência territorial, social e económica. Uma relação que, até ao advento do poder local democrático, foi sempre marcada pelo predomínio político do Porto na região. O poder autárquico criou uma nova oportunidade de desenvolvimento e de afirmação política a Vila Nova de Gaia.
Ao longo das últimas décadas, diferentes modelos estratégicos procuraram a emancipação política e desenvolvimentista de Vila Nova de Gaia face ao Porto. Dito de outra forma, desamarrar Vila Nova de Gaia de um certo “portocentrismo”. Tivemos um “modelo de concorrência de mercado”, dominado pela confrontação entre lideranças. Experimentamos agora o “modelo de concorrência saudável”, sustentado na aliança dos líderes políticos. Certo é que Vila Nova de Gaia está a agarrar a oportunidade de crescimento e desenvolvimento ao afirmar-se politicamente na região e no país.
Vivemos numa sociedade pós-pandémica, moldada por profundas alterações socioeconómicas. A pandemia acelerou a transição digital e impactou a forma da nossa relação com o bem-estar, o trabalho e o próprio Estado. O sucesso das medidas de apoio e combate à pandemia recriaram a noção da importância da União Europeia e derrubaram a ideia dos recursos limitados do Estado. Além disso, fez crescer o turismo e a imigração para níveis históricos.
Perante a sua grandeza e contexto geopolítico, liderar Vila Nova de Gaia exige visão “com mundo político”, máxima ambição e conhecimento do território e das suas comunidades. A função autárquica é a mais difícil do mundo governativo. A relação direta e diária com os eleitores exerce uma inigualável pressão sobre os representantes, só ultrapassável pelo sentido de compromisso e dedicação. A escassez de meios financeiros e orçamentais determina força diplomática e estratégica nos meios políticos nacionais e europeus. As transformações sociais e comportamentais carecem de capacidade de antecipação e de compreensão política sobre o papel da sociedade local na região, no país e no Mundo.
Tudo isto significa mudanças no tecido social e territorial e representa a pedra angular de um projeto político ambicioso, progressista, humanista para Vila Nova de Gaia.