Proprietário de unidade hoteleira alega prejuízos e quer pôr pessoal a 45 quilómetros de distância.
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Nove trabalhadores da pousada do Marão, localizada em Ansiães, Amarante, estão na iminência de passar a quadra natalícia sem qualquer rendimento. No regresso das férias, a 1 de dezembro, os funcionários da unidade hoteleira encontraram a porta encerrada, com uma folha de papel A4 afixada onde se pode ler: "Encerrado".
Os funcionários alegam que a missiva não respeita a lei laboral. "Teríamos de ser avisados pelo menos com 30 dias de antecedência ao encerramento
Os empregados, com ajuda sindical, apresentaram queixa na Procuradoria-Geral da República e comunicaram o facto à Autoridade para as Condições do Trabalho, alegando que não foram informados legalmente do encerramento. O Bloco de Esquerda já pediu a interferência do Governo.
O proprietário da pousada do Marão, António Pereira, no dia 25 de novembro, fez chegar aos trabalhadores uma carta onde anunciou que "ia encerrar a pousada por causa dos prejuízos". Na missiva, o empresário terá ainda indicado que os trabalhadores da unidade hoteleira de luxo que "têm de se apresentar ao serviço no dia 26 de dezembro, "em Vila Cova, em Mondim de Basto", numa outra unidade hoteleira" de António Pereira, a 45 quilómetros da pousada.
Chegar ao meio-dia
Quanto à mudança de local de trabalho, os funcionários também não estão pelos ajustes. "O único transporte que existe para Mondim passa em Ansiães às 10 horas. A viagem dura mais de duas horas. Chegamos lá ao meio-dia, para almoçar. Não faz sentido", advoga António Brandão, autarca e porta-voz dos funcionários.
O presidente da Câmara, José Luís Gaspar, alertado pelo presidente de Ansiães, disse que lamentava a situação e que iria tentar perceber se podia intervir.
O fecho terá surgido num contexto de luta laboral por cortes de direitos adquiridos aos trabalhadores: diuturnidades, conhecimento de línguas, prémios de produtividades, entre outros. O caso está a ser dirimido pelo Tribunal de Trabalho.
A Pousada do Marão foi adquirida, em 2008, por 750 mil euros, ao Instituto Nacional do Turismo por António Pereira, empresário que já terá pedido 3,5 milhões pela venda do hotel, que cobrava 2,50 euros por um café, tinha refeições acima dos 40 euros e garrafas de vinho acima dos 12 euros. Já uma noite variava entre os 90 e os 120 euros.
O JN procurou obter esclarecimentos junto de António Pereira , mas o empresário não respondeu às tentativas de contacto.