Tricanas, fogueiras, sardinhas e milhares nas ruas para festejar S. Pedro poveiro
Eram 45 quilos de sardinha. Foram-se num ápice. A festa, à porta da casa de André Tavares Moreira, ali mesmo em frente ao trono da Matriz, a dois passos do palco, começou há uns anos.
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A ideia era reavivar as velhinhas tradições do S. Pedro da Póvoa de Varzim: mesas na rua, sardinhas para todos, conversas animadas, o bailarico a convidar a um pezinho de dança. Hoje, há 90 na festa e são "cada vez mais os que se juntam a cada ano". Pelas ruas estreitas, "a moda vai pegando" e o S. Pedro volta a provar que está vivo e bem vivo no coração dos poveiros.
"É maravilhoso! O Bairro da Matriz estava a ficar muito adormecido. Agora, voltou a estar ao rubro!", explica Leonor Araújo. Aos 42 anos, não vive na Póvoa há 20, mas, todos os anos, regressa às origens para festejar o santo pescador. Come-se, bebe-se, salta-se as fogueiras, fazem-se quilómetros de bairro em bairro, encontram-se os amigos que há muito não se vê, dança-se uma modinha ali, outra acolá, veem-se as rusgas e os tronos em honra de S. Pedro.
Este ano, a noitada do santo calhou de sexta para sábado. A Póvoa encheu-se de gente como há muito não se via. Com largos milhares a assistir, quem seguia nas rusgas ganhou "ainda mais alento".
"É lindo! Sentimos uma emoção muito forte. Não dá para explicar", diz Diana Pereira, que, aos 14 anos, leva já dois na rusga sénior do Regufe.
O bairro é um dos três chamados "pequenos" da cidade, mas, a festejar 50 anos, este ano, esmerou-se ainda mais para a festa. Seja Norte, Sul, Matriz, Belém, Mariadeira ou Regufe, para quem vai na rusga - e há gente dos 2 aos 80 - S. Pedro é isso mesmo, diz Diana: trabalhar mais de seis meses para ter a roupa mais bonita - a camisa de renda mais bela, o avental com mais brilho -, desfilar pelas ruas da cidade para ir dançar a casa dos rivais, gritar bem alto o nome do seu bairro, arrastar atrás a claque mais barulhenta.
Quem por lá passa diz que esse bairrismo - que leva, por exemplo, quem ali mora a passar quase um mês a vestir só as cores do seu bairro -, essa festa genuína e espontânea, feita na rua pelo povo, as sardinhas e o vinho oferecidos a quem passa e os bailaricos a cada esquina é que fazem do S. Pedro "uma festa única".
Na luta por serem os melhores, os bairros esmeram-se e é a Póvoa quem sai a ganhar. Vindos de todo o norte, os foliões dizem "presente".