Manutenção e avaliação fitossanitária são permanentes e o património arbóreo pode ser consultado no portal criado pela autarquia. Do total de exemplares, 237 estão classificados.
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O Porto tem 65 mil árvores públicas das quais 237 estão classificadas. Um património arbóreo constituído por centenas de espécies de todas as idades, tamanhos e cores que são permanentemente monitorizadas pelos serviços da Divisão Municipal de Ambiente, que nos últimos três anos tem desenvolvido um exaustivo trabalho de inventariação. Esta gestão está disponível e aberta a críticas e sugestões de todos os munícipes no Portal de Informação Geográfica do Porto (mapas.cm-porto), na internet. Algumas árvores são abatidas por motivos sanitários ou de segurança mas muitas outras são plantadas. Só no último ano, surgiram na cidade 2600 novas árvores.
Na Rotunda da Boavista, a azáfama dos elementos de uma das equipas da divisão é grande. Podam-se os carvalhos. Os ramos mais baixos são removidos para tornar as alamedas da rotunda mais amplas e facilitar a circulação do ar. "Esta manutenção é feita durante o ano inteiro. Estas árvores mais jovens são podadas na altura de maior calor mas depois temos a gestão das palmeiras muito atingidas pelo escaravelho. Tratamos 120 palmeiras por mês na cidade", explica ao JN Joana Carvalho, engenheira florestal na Divisão de Ambiente da autarquia. É responsável há quatro anos pela equipa que tem dois técnicos superiores e uma equipa operacional com seis elementos.
Tudo o que é realizado nesta manutenção é inserido no inventário interno e no portal disponibilizado ao público, no qual os munícipes podem virtualmente visitar os jardins, canteiros e bermas de estrada da cidade e conhecer as espécies lá plantadas, a idade, a altura e o tamanho da copa. Há muitas árvores com menos de dez anos, mas outras são consideradas históricas, de espécies exóticas com mais de cem anos.
património histórico
Esta "relação próxima e afetiva" da cidade com as árvores já vem desde o século XVIII, espoletada em muito pela criação do passeio público e pela forte presença da comunidade inglesa a viver na cidade. Contudo, é no século XIX que a inspiração das modas francesas e inglesas chegam em força ao Porto muito através de nomes como o de Alfredo Allen, enólogo, agricultor e jardineiro, e dos arquitetos paisagistas Émile David (alemão) e Florent Clars (francês).
É nesta altura que muitas plantas e arbustos exóticos, entre os quais se destacam as famosas camélias, chegam à cidade e muitas destas árvores resistiram até hoje. Manter a saúde destes exemplares é obrigatório. "É um trabalho gigante proteger este património. E não só estas árvores mais antigas. Temos de pensar que as árvores que plantamos hoje serão as históricas de amanhã", afirma Filipe Araújo, vereador do Ambiente.
"Muito em breve, será tornado público o Plano Municipal de Ambiente onde todas estas zonas verdes estarão representadas assim como os corredores verdes que queremos criar e que já estão previstos no Plano Diretor Municipal"
Pragas não dão descanso
Na periódica avaliação fitossanitária são encontradas e combatidas as pragas que ameaçam este património. O escaravelho das palmeiras, oriundo de África mas que aqui não tem um predador natural que o combata; a processionária, a lagarta do pinheiro; os escolitídeos, pequenos insetos; e os afídeos, pulgões que tornam as folhas meladas. Em muitos casos, colocam-se armadilhas para captura destes insetos.
"Os portuenses são amigos das árvores e são raros os atos de vandalismo nestes espaços públicos", refere o vereador. No domínio privado, a autarquia continua a desenvolver o programa "Se tem um jardim temos uma árvore para si", que estimula os portuenses a plantarem árvores e arbustos nativos nos seus espaços verdes.
Praga
Um problema gigante chamado Xylella
É a bactéria mais temida e cuja propagação se encontra totalmente descontrolada na zona do Grande Porto, colocando em perigo o património arbóreo. "Muito em breve, o Porto vai tomar uma posição, pois trata-se de um problema de uma gravidade brutal", salienta Filipe Araújo. A bactéria Xylella fastidiosa foi detetada pela primeira vez numa laranjeira em Gaia. Ataca plantas ornamentais mas também de grande porte, sendo a sua transmissão de árvore em árvore, causando sintomas semelhantes à falta de água, o que leva a planta à morte.
Tesouros
A Alameda de Palmeiras, no Jardim do Passeio Alegre, é um conjunto arbóreo histórico da cidade. A sua criação remonta a finais do século XIX quando o espaço foi construído sob a orientação de Émile David.
Árvores da Casa Tait
Dois dos exemplares classificados encontram-se no jardim da Casa Tait: um tulipeiro-da-virgínia e uma magnólia-sempre-verde. O primeiro tem mais de 250 anos.
S. Lázaro
As camélias foram introduzidas em Portugal no século XIX a partir do Porto. Um dos conjuntos mais monumentais e protegidos encontra-se no Jardim de S. Lázaro, inaugurado em 1834, o mais antigo jardim público da cidade.
Curiosidades
6000
As árvores que são podadas por ano na cidade do Porto pela equipa operacional do Ambiente e por outras contratadas.
210
As árvores plantadas recentemente com o aumento e a renovação do Parque de S. Roque, na zona oriental.