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Depois de ter sido gerida anos a fio por um poder másculo que chegou a ser definido como "vigoroso e truculento", a Câmara do Marco de Canaveses parece ter entrado num ciclo feminino. Nas eleições de 2017, o PS, através de Cristina Vieira, passou a governar a Câmara. Nas deste ano, serão duas as mulheres candidatas com possibilidades reais de vitória: Cristina Vieira (PS) é recandidata ao cargo; Maria Amélia Ferreira é a escolha do PSD para liderar a candidatura, a solo ou em coligação com o CDS.
É que a coligação de Direita, cozinhada pelas estruturas nacionais e distritais de PSD e CDS está a ser de difícil digestão pelas concelhias de ambos os partidos, rivais nos consulados de Avelino Ferreira Torres (já falecido) e Manuel Moreira. O líder do CDS/Marco, Carlos Pinheiro, contesta os termos do acordo. Demitiu-se, recandidatou-se, foi reeleito mantendo oposição aos termos da coligação. Em causa está a constituição da lista à Câmara. O CDS reclama o número dois que, em caso de vitória eleitoral, lhe daria a vice-presidência. O PSD, até agora, não aceitou abrir mão dos dois primeiros lugares da lista. O impasse dura há mais de dois meses.
Com ou sem coligação, Maria Amélia Ferreira, natural de Gaia e atual provedora da Misericórdia de Marco, é a principal adversária de Cristina Vieira, natural da freguesia de Soalhães, onde foi presidente de Junta. Frente a frente vão estar estas duas mulheres que, no início do atual mandato, partilharam os corredores do poder. Maria Amélia Ferreira, ex-diretora da Faculdade de Medicina do Porto e ex-conselheira de Marcelo Rebelo de Sousa foi nomeada pela atual presidente da Câmara como conselheira local para a Igualdade de Género.
Reconhecida no meio Académico, Amélia Ferreira é no entanto uma "ilustre" desconhecida no concelho. Cristina Vieira, que apostou na comunicação da imagem ao longo do mandato, é mais conhecida pelo cidadão comum, mas carrega o a dificuldade de não ter resolvido em definitivo o problema da concessão de água e saneamento, que pode custar aos cofres do município mais de 20 milhões de euros de indemnização à concessionária.
Pela CDU é candidato José Luís Sousa, fiscal municipal. Em 2017, a CDU recebeu 846 votos. O Bloco de Esquerda recandidata Nuno Leite, 40 anos, empresário, que nas autárquicas de 2017 recebeu 385 votos.
O Executivo é composto por quatro elementos do PS, dois do PSD e um do CDS, que entretanto passou a Independente. Na Assembleia Municipal, o PS elegeu 10 deputados municipais, o PSD oito e o CDS três.