Não têm mãos a medir os quase 250 funcionários distribuídos pelas seis linhas de montagem que, na verdade, hoje são oito, porque duas passaram a funcionar em dois turnos.
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Depois de dois meses parados pela pandemia, regressaram ao trabalho a 18 de maio para começar a dar ao pedal. "Geralmente, temos um período muito forte entre fevereiro e agosto, mas este ano será diferente: entre junho e dezembro, vamos estar sempre a trabalhar com capacidades de produção muito altas, vai ser sempre a fundo para reabastecer", conta-nos Bruno Salgado, administrador da RTE.
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Tudo começa pelo guiador que passa de mãos em mãos, que lhe vão acrescentando peças, algumas delas de fabrico próprio, até aparecer uma bicicleta no final de cada linha. O processo não demora muito mais do que 20 minutos antes de seguir para a pintura, mas ainda vamos ter de esperar para voltar a ver tudo na montra. "Os stocks vão demorar algum tempo a ser repostos. Vão ser precisos alguns meses para que as coisas voltem ao normal, para que todos os modelos estejam disponíveis. No nosso caso, deixámos de fornecer mais de 200 mil bicicletas. As fábricas italianas, alemãs, francesas pararam todas, tal como a maior parte das portuguesas. Parou tudo", afirma o responsável.
A maior empresa de montagem da Europa ocupa cerca de 30 mil metros quadrados em Serzedo, Vila Nova de Gaia, e tem capacidade para produzir anualmente 1,5 milhões de bicicletas. Em 2018, ano recorde, esteve a 250 mil de atingir esse número, mas desde 2016 que ultrapassa a marca do milhão. Hoje, são cinco mil por dia, até ao final do ano podem ser 5800 e, embora esta procura o permitisse, não vai entrar em "loucuras de crescimento, que não são viáveis operacionalmente": "A questão logística aqui é muito importante, não faz sentido estarmos a forçar algo que, daqui a dois ou três anos, não vai ter sustentabilidade".
Os planos são outros. Um deles passa por diversificar o produto, como é o caso da aposta na recém-nascida Beeq, a primeira marca de bicicletas elétricas com assinatura própria, a menina bonita dos olhos da RTE, com lançamento marcado para julho, mas já com encomendas da Europa - afinal, é para lá que seguem cerca de 95% da sua produção.
O outro objetivo é ainda mais ambicioso: inaugurar uma unidade na Polónia em 2022. "Geograficamente, é um país muito interessante. Sendo a bicicleta um produto de volume, com um custo grande de transporte, permite-nos abastecer de forma mais económica o Centro da Europa e mesmo o Leste, um mercado ainda muito pouco explorado, mas que pode despontar", explica Bruno Salgado. É o primeiro passo para a internacionalização de uma empresa com 37 anos de uma vida que corre sobre rodas.