Está aberto o portão do estaleiro na Rua do Carmo, em frente à Igreja dos Carmelitas, no Porto. Um camião bloqueia parcialmente a entrada, mas as frinchas laterais permitem a Albano Santos dar uma ou duas espreitadelas lá para dentro.
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"Passei e quis ver se já tinham feito o buraco. Sei que será um poço de 40 metros. Foi curiosidade momentânea", diz o comerciante do Mercado do Sol, lamentando ter sido "encostado lá para trás" por causa das obras da Linha Rosa. Os "turistas não veem" e as "vendas pararam", queixa-se Albano, de 62 anos, admitindo curiosidade em saber "como está a decorrer" a obra. E o facto é que, à semelhança do comerciante, são muito poucos os que passam pelo estaleiro e não viram a cabeça a tentar perceber o que se passa.
Desde a Rua dos Clérigos até ao Largo dos Loios, a coreografia é a mesma: as cabeças levantam-se e os pescoços esticam-se para tentar assistir ao trabalho das máquinas, cercadas por altos taipais. Junto à Praça da Liberdade, depois do Banco de Portugal, não há saída pedonal, mas Maria Fátima Silva e Abílio Silva prosseguem o seu caminho até às malhas verdes de ocultação. Os vários rasgos oferecem ao casal uma paisagem privilegiada para a obra.
"ver o que está por baixo"
"Há sempre curiosidade em saber o que está por baixo", justifica Maria Fátima, admitindo que os trabalhos da Linha Rosa "são um mal necessário". Naquela rua, já pastelarias e restaurantes fecharam por tempo indeterminado, dado o cenário provocado pelos trabalhos.
"Moro em Santo Ovídio, Gaia, e vamos sempre lá espreitar para ver como está e se demora muito", ri Maria Fátima, não querendo desviar as atenções para potenciais constrangimentos que a obra esteja a causar.
Abílio Silva, de 79 anos, não se afasta muito da vedação. Com o olhar direcionado para o interior do estaleiro, explica ter curiosidade em "ver a evolução" da empreitada.