Param, espreitam e alguns mantêm-se alguns minutos a assistir aos trabalhos como se de um espetáculo se tratasse. O fenómeno não é novo e a reação é quase sempre a mesma entre quem passa pelas obras do metro do Porto.
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Mas hoje, mesmo quando voltam para casa, há uma nova ferramenta que permite aos mirones não perder pitada das empreitadas. Através do Facebook e do Instagram, a Metro do Porto mantém os passageiros a par dos progressos da construção da Linha Rosa, no Porto, e do prolongamento da Linha Amarela, de Santo Ovídio até Vila d'Este, em Gaia.
A publicação mais "famosa" até agora, logo a seguir às fotografias dos novos veículos, é a do viaduto de Santo Ovídio até à futura estação de Manuel Leão, no Facebook: com 1,5 mil gostos, o alcance foi de 125 666 pessoas. A interação com os cibernautas é tal que a empresa até esclarece dúvidas deixadas na caixa de comentários na própria publicação, quase como num "fórum", ou por mensagem privada. Os episódios assemelham-se aos vividos em 1999, com a construção da primeira fase.
"Nessa altura, a interação com as pessoas era por telefone. Recebíamos muitas cartas, muitos telefonemas e promovíamos sessões de esclarecimento em juntas de freguesia, onde chegámos a juntar 200 a 300 pessoas", recorda Jorge Morgado, diretor de comunicação da Metro do Porto. Dez anos depois, a empresa começou a marcar presença no Facebook, mantendo-se esse canal, até hoje, como um dos mais importantes para partilha da atividade na empresa.
É essa a maior comunidade digital da Metro, com 75 mil seguidores. Lá, mata-se a curiosidade sobre as obras de construção da nova estação da Linha Rosa na Praça da Liberdade, no Porto, e no Jardim do Carregal, junto ao Hospital de Santo António, por exemplo.
"ferramentas importantes"
"Quando preparámos planos de comunicação [a propósito da nova expansão da rede], tínhamos definido que as redes sociais seriam ferramentas importantes de esclarecimento ao público", acrescenta Jorge Morgado. E como a pandemia impediu a realização de reuniões, fizeram-se "sessões de esclarecimento online, mediante convites deixados porta a porta". O objetivo foi "explicar como iriam decorrer as obras, de forma mais prática e dinâmica", permitindo até a participação de "quem estivesse no metro".
Entretanto, nos próprios estaleiros de obra, abriram-se "espaços mirone" para permitir, precisamente, aos curiosos, "verem o que se passa lá dentro". Na prática, trata-se de pequenas janelas redondas, com transparência para o interior. Por segurança, há zonas onde esses espaços foram retirados e alguns onde nunca foram criados. Ainda assim, os mirones mantêm-se por lá.
Por entre as malhas de ocultação, qualquer frincha é aproveitada para espreitar para o interior do estaleiro [ler reportagem ao lado], e nem os turistas ficam indiferentes ao desenrolar das empreitadas, que vão surgindo a cada dia. Na Rua de Trindade Coelho, por exemplo, junto ao Largo dos Loios e ao estaleiro para a construção da nova estação de metro, criou-se mais uma área de obra. Parte da estrada aluiu à passagem de um camião e, explica a Metro ao JN, como já estava "planeada uma intervenção", a empresa decidiu "aproveitar as circunstâncias para antecipar". Trata-se da construção de uma nova caixa de águas pluviais naquele local, por onde passa também o rio da Vila.
linha amarela é mais popular
"As publicações mais populares das obras estão ligadas à Linha Amarela: tudo o que esteja relacionado com túneis e o viaduto de Santo Ovídio. São imagens que impressionam e, geralmente, essas partilhas são bem recebidas", nota Duarte Pernes, gestor das redes sociais da empresa.
"As partilhas referentes à evolução da construção da Linha Rosa também estão a subir na sua popularidade", nota o gestor, acrescentando que a página de Facebook da empresa registou um crescimento de 300% em 2022 face ao ano anterior. Estes dados traduzem-se num alcance de 2,34 milhões de pessoas.
Mas, até à data, a fotografia partilhada no Facebook pela Metro que noticiou a chegada dos novos veículos ao Parque de Material e Oficinas de Guifões, em Matosinhos, superou todas as outras. Reuniu 2,9 mil gostos, com um alcance de 222 912 pessoas.
Pormenores
Viaduto - A partir de Santo Ovídio, em Gaia, a estrutura metálica do viaduto que levará o metro até Manuel Leão tem um comprimento de 420 metros, com 23 módulos. Prevê-se que em abril a instalação esteja completa.
Metrobus - Arrancou, há cerca de uma semana, a obra para o metrobus entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império, no Porto. Trabalhos prolongam-se por 12 meses. A ligação a Matosinhos estará pronta em 2024.
Linha Rubi - A futura Linha Rubi, que obrigará à construção de uma nova ponte sobre o Douro, entre o Campo Alegre, no Porto, e o ArrábidaShopping, em Gaia, poderá libertar 5,2 milhões de pessoas dos carros. O concurso para a empreitada deverá ser lançado a 17 de março.