<p>Os quatro feridos resultantes de um acidente ocorrido num carrossel, em Esmoriz (Ovar), ao início da madrugada de ontem, segunda-feira, estão fora de perigo. A causa do acidente, essa, está a ser investigada, havendo a hipótese de ter sido falta de manutenção.</p>
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"Eu só queria estar com a minha família toda unida em casa". O desabafo partiu de Manuela Figueiredo, a mulher de Manuel Pereira e mãe dos jovens João, Pedro e Inês, os quatro feridos do acidente que ocorreu num carrossel, na Festa do Mar, em Esmoriz.
Apesar de estarem todos fora de perigo de vida, o facto de ter os dois filhos mais pequenos, o Pedro e a Inês, no Hospital de S. Sebastião, na Feira, o mais velho no S. João, no Porto, e o marido no Santo António, também no Porto, Manuela Pereira não sabia, ontem, para onde se virar. E, para piorar, a mãe, de 72 anos, estava também no S. Sebastião, internada nos Cuidados Intermédios, acabada de sair de uma cirurgia.
"Foi por a minha mãe ter ficado internada por causa da operação que eu não quis ir à festa", contou Manuela Pereira. "Os meus filhos estavam entusiasmadíssimos e o meu marido fez-lhes a vontade. Duas horas mais tarde, cerca da meia-noite, recebo um telefonema a dizer que os meus filhos tinham tido um acidente num carrossel. Perguntei pelo meu marido e disseram-me que não sabiam dele", continuou.
Manuela Pereira correu para a festa e, mal viu uma das ambulâncias, entrou nela de rompante. Estavam lá os dois filhos mais novos e sem, mais delongas, foram para o hospital da Feira. Quanto ao mais velho, foi transportado de imediato para o S. João.
"Já na Feira, estava já eu a rogar pragas ao meu marido por ter sido capaz de deixá-los a andar sozinhos no carrossel, quando ele chega, numa maca, completamente imobilizado, cheio de fios e aparelhos ligados ao peito", recorda.
Manuel Pereira estava realmente junto dos filhos quando tudo aconteceu e, conforme contou depois à mulher, "sentiu um grande medo no carrossel porque andava muito depressa e a cadeira tremia por todo o lado".
Resultado: a certa altura, a cadeira dos quatro soltou-se da base e foi projectada no ar, cerca de 10 metros, caindo de cabeça para baixo num piso de paralelos.
O Pedro e a Inês ainda se aguentaram dentro da cadeira, mas o pai e o irmão caíram durante o voo. O João foi mesmo parar debaixo de um carro ali estacionado perto.
Feito o trabalho por parte dos Bombeiros de Esmoriz e das equipas médicas das VMER da Feira e de Gaia, às duas horas da madrugada, como o JN pôde observar, andavam já agentes do Núcleo de Investigação Criminal da GNR a juntar indícios e a recolher testemunhos.
E um deles terá sido o de alguns jovens que teriam ido dizer ao proprietário do carrossel, pouco antes do acidente, que a dita cadeira estava a fazer um ruído estranho. E ao que o JN apurou, não estará realmente posta de lado a falta de manutenção como uma das causas do ocorrido.
Isto apesar do responsável ter um termo de responsabilidade assinado por um engenheiro electromecânico, certificado pela Associação Nacional de Engenheiros Técnicos, onde se diz, que, após vistoria, o divertimento reúne os requisitos de segurança exigíveis e que está em boas condições de funcionamento.
Uma responsável pelo carrossel, que se mostrou preocupada com os feridos, apesar de não querer comentar o sucedido, disse ter toda a papelada em ordem.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Ovar, José Américo, faltava a licença de ocupação, como, aliás, a todos os outros divertimentos, embora tal tenha acontecido, ao que tudo indica, por uma falha da Comissão de Festas ao requerer a licença de realização do arraial.