A crise bateu à porta da Adega Cooperativa de Alijó e a direcção pondera colocar em situação de lay-off, já em Maio, parte dos 19 funcionários. O anúncio, feito anteontem, deixou os trabalhadores apreensivos.
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A situação económica da instituição já não era famosa, com um passivo elevado que a direcção não revelou, mas agudizou-se nos últimos meses. "Está numa situação financeira grave", admite o presidente da direcção da adega, José Ribeiro, aduzindo que "as encomendas decresceram e o trabalho diminuiu". E como a próxima semana só tem quatro dias úteis aproveitou para dizer a quatro funcionárias da linha de engarrafamento para "tirar esses dias de férias visto que ainda tinham alguns por gozar".
Está nesta situação Maria de Fátima Cardoso, há 27 anos naquela casa, e que fala de um "ambiente de tristeza" aquele que se vive desde que os responsáveis da cooperativa os informaram sobre a sorte que lhes poderá calhar nos próximos tempos. Ontem, no posto de vendas da Adega, encarava "mal" a situação, tanto mais que tem o marido desempregado e "é preciso pagar as contas ao fim do mês".
Ana Paula Barros é outra das funcionárias que vê o futuro muito complicado. "Nunca nos disseram que isto ia à falência, mas eu trabalho na linha e não vejo camiões para carregar", refere, enquanto Guilhermina Augusto salienta que os trabalhadores "estão revoltados" e que o lay-off, com dois terços do ordenado, é uma situação "angustiante".
José Ribeiro frisa que na reunião de anteontem foram ponderadas "todas as situações", entre as quais a redução temporária da produção (lay-off). "Se as encomendas não melhorarem o pessoal não vai ficar aqui sentado, pelo que temos de equacionar essa hipótese". A ser implementada, "abrangerá três a quatro pessoas por mês e de forma rotativa", acrescenta o director, frisando que "é uma questão de economia e não de despedimentos".
O presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo, ficou "preocupado" pelas nuvens negras que pairam sobre a Adega, mas lembra que a crise sobre o sector cooperativo já se sente no concelho há dois anos, altura em que faliu a Adega de Sanfins do Douro. A autarquia pagou agora 40 mil euros para ser realizado um estudo que visa a fusão da Adega de Alijó com as de Favaios e de Pegarinhos, e optar por um modelo profissional. "Não há outra solução" frisa.