No pequeno lugar do Aipo, freguesia de Alcaria Ruiva (Mértola), ninguém consegue encontrar explicação para "a doença das galinhas do campo" de José dos Santos Revez, em cujo galinheiro e terreno adjacente foi descoberto no final do passado mês de novembro o vírus H7, uma estirpe da gripe aviária.
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O lugar fica no vértice de Beja, Mértola, Castro Verde, a cerca de 20 quilómetros de cada uma das localidades e na zona foi estabelecido um perímetro de restrição de um quilómetro em torno da zona afetada.
No monte onde em permanência habitam menos de 20 pessoas, na sua maioria idosos, e que é hoje o alvo das atenções da comunicação social, um rastreio de rotina, feita pelos técnicos municipais da Câmara de Mértola levou à descoberta do vírus numa das aves.
Após a descoberta técnicos da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), procederam à morte e incineração de 63 aves, que se encontravam na capoeira de José Revez.
"Foi um choque, as galinhas que criamos é para nosso consumo. Os bichos fazem parte do nosso dia-a-dia" disse ao JN, visivelmente agastado, o agricultor.
Segundo José Revez, foi "numa visita de rotina" que os técnicos municipais "tiraram sangue às aves" e dias depois recebeu "a estúpida notícia", acrescentando que "nunca houve um problema" na zona com aves, lembrando que até a brucelose nos ovinos e bovinos "está erradicada da zona" concluiu.
Para o agricultor "resta esperar pela desinfeção", a ser feita na próxima semana pela DGAV, para "voltar a criar e a comer galinhas do campo" rematou.
Em resposta à manchete do "Jornal de Notícias" desta quinta-feira, o diretor-geral de saúde já veio a público desvalorizar a descoberta do vírus, garantindo que o mesmo "é pouco perigoso", mas que já teve como consequência a proibição da exportação de aves de Portugal para Hong Kong.
Francisco George justificou que o vírus H7 detetado nas aves no lugar do Aipo, é de "baixa patogenicidade" acrescentando que em Portugal "não há nenhum sinal de infeção" em seres humanos.