Comissão de Gestão de Albufeiras reúne esta terça-feira para avaliar situação dos recursos hídricos na região afetada pela seca. Esta segunda-feira, a Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve já avisou que “só aceitará cortes no consumo de água de 15% e iguais para todos os setores da região”.
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A Comissão que representa os agricultores algarvios exige que os valores dos cortes, em vigor desde janeiro, de 15% para o turismo e de 25% para a agricultura, sejam atualizados. “Não faz sentido um corte severo na agricultura quando se fazem investimentos turísticos sem qualquer restrição, seria uma injustiça e incongruência”, defendeu ao JN o porta-voz da Comissão, Macário Correia.
O Algarve está em situação de alerta devido à seca, tendo o anterior Governo aprovado restrições ao consumo de água, de 15% no setor urbano e turismo e de 25% na agricultura. O porta-voz da Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve pediu, esta segunda-feira, que estes valores sejam “revistos” na reunião da Subcomissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras, que decorre esta terça-feira, para avaliar a situação destes recursos no Algarve.
“Não faz sentido que o turismo ou o consumo urbano tenha uma restrição mínima e que a agricultura sofra porque todos fazemos investimentos e pagamos impostos e a produção de alimentos é prioritária. A produção de divertimentos no turismo pode consumir mais do que a de alimentos”, considerou, frisando que, por isso, “não faz sentido que haja um corte superior na agricultura”.
"Mais água nas barragens"
Macário Correia concorda que haja um corte, “uma vez que as albufeiras não estão cheias”, mas “de pouca expressão”. “Temos ligeiramente mais água nas barragens e um consumo no rio agrícola de menos 40% a 50% do que no ano passado porque a primavera foi chuvosa. As câmaras municipais também tiveram um consumo ligeiramente mais pequeno porque muitos jardins não tiveram uma rega tão intensiva em fevereiro e março porque choveu”, justificou ainda.
Opinião diferente da do presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Pina, que considerou ao JN “errado partir do princípio que o abastecimento humano está ao mesmo nível da importância de uma atividade económica”. Salientou, contudo, que “se é verdade que foi pedido o maior esforço à agricultura deve ser agora à qual se deve afrouxar mais”.
Até dia 10 de maio estará a decorrer outra reunião, ainda sem data de início, da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, para serem decididas novas medidas na gestão da água na região algarvia. O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que presidirá o encontro, disse ontem que “as decisões que tomarmos neste domínio têm de ser suportadas em termos técnicos para não criarmos prejuízo aos agricultores”. Queremos proteger os investimentos que eles fizeram e, para isso, estamos a acelerar os investimentos necessários para o armazenamento e o abastecimento eficiente da água”, referiu à RTP, no Luxemburgo.