Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, foi a Provesende, Sabrosa, visitar a feira franca. Provou do melhor e ainda dançou na praça com figurantes.
Corpo do artigo
"Ai que o 'sô doutor' pediu-me para ir com ele para Lisboa, ai que contente estou, que emoção tão grande!" Maria Panacha exultava de alegria com o alegado pedido do ilustre convidado da festa de ontem, na Aldeia Vinhateira de Provesende, Sabrosa. Logo o marido, Manel Cangalho, ciumento, disparava: "A minha Maria, quando vê este homem na televisão agarra-se a ela, para entrar, só com o porrete é que a tiro de lá".
O motivo dos ciúmes era Jaime Gama, o presidente da Assembleia da República, de visita à terra onde nasceu a mãe da mulher. Em Provesende a tarde foi de animação a rodos, por mor do Festival das Aldeias Vinhateiras que decorre durante este Outono. Começou em Trevões (São João da Pesqueira), este fim-de-semana prossegue naquela freguesia de Sabrosa e em Barcos (Tabuaço). Em Novembro é a vez de Favaios (Alijó) e Salzedas e Ucanha (Tarouca).
Quando Jaime Gama chegou à praça de Provesende, saltou-lhe logo ao caminho o casal Panacha e Cangalho, dois actores do grupo "Marias Malucas" de Sanfins, Moimenta da Beira. De malga cheia de tinto na mão, ela de óculos maiores que a cara e bigode, ele com ar de quem já não tinha sede, ali, a toda a força, quiserem dar a prova ao "sô presidente". Maria Panhacha ainda pediu um beijo, mas Jaime Gama, perante tal bigodaça em venta de mulher, achou por bem oscular-lhe apenas a mão.
A seguir veio ao seu encontro a vendedora do peixe seco, que não fez negócio. Nem o bebedolas conseguiu que o acompanhasse no "escorrichar" do garrafão. Mas depois de uma volta dada à praça, a cumprimentar o povo e os expositores da feira franca, Jaime Gama já trazia uma bengala na mão. E que jeito ela lhe deu quando se encontrou com o ceguinho, que o tacteou para perceber quem tinha à frente. E Gama entrou na brincadeira, fazendo o mesmo. Um abraço fechou o momento.
Eis que aparece outra vez Maria Panacha. "O 'sô-tor' dança?" E ele dançou. Vira e volta a virar, ao som das concertinas de Lamego. Mas o Manel Cangalho não gostou e não foi manco a tirar-lha dos braços. "Sai já daí, sua desgraçada!" Não tardou que Gama tivesse novo par. O episódio terminou com muitos risos e com a prova de uma chouriça e pão que logo ali apareceu num prato. Neste intervalo, Maria Panacha desabafou o convite do presidente. "Vamos ter uma nova pessoa na Assembleia da República, que sou eu. Vai lá haver animação e barracas a vender todos os dias", gargalhou.
Foi de grande animação a tarde em Provesende. "Uma das terras mais bonitas de Portugal, onde há 40 anos as ruas eram lama", elogiou Jaime Gama, que também elogiou os responsáveis por tudo o que está a ser feito para renovar o turismo no Douro, particularmente o Festival das Aldeias Vinhateiras. "O Douro está a ser lançado como uma grande imagem de marca do país", acentuou.
Os vários grupos de bombos, gigantones, malabaristas e figurantes diversos arrastaram gente até Provesende e garantiram algum negócio aos expositores de vinhos, fumeiro, doces e artesanato instalados à volta da praça, defronte da igreja matriz. Mas esperam que hoje seja melhor. É o caso de Graça Monteiro, da "Papas Zaide", que serve refeições, petiscos e uns copos. "Hoje tive casa cheia e espero que amanhã [hoje] seja igual", disse.
"Esta é uma terra que merece ser visitada" aduziu o morador Hélio Pinto, frisando que o Festival "torna a terra conhecida e atrai gente que sempre compra o vinho e o fumeiro". "É uma realização importante do ponto de vista de divulgação do concelho e que abres oportunidades, pois ninguém investe onde nada acontece", sintetizou o autarca de Sabrosa, José Marques.
Em Barcos, Tabuaço, também prossegue hoje o Festival do Imaginário, com venda de produtos regionais e muita animação histórica.