Alfredo Maia, candidato da CDU à Câmara da Maia, fala num concelho desigual com carências ao nível da habitação pública, rede viária e transportes.
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Os 40 anos de jornalismo fazem com que Alfredo Maia conheça ao pormenor o melhor e o pior do concelho onde reside. É membro da Assembleia Municipal, e presidente da respetiva Comissão de Transportes e Mobilidade. Volta a concorrer pela CDU para combater "o desenvolvimento desigual" do concelho, onde o investimento tem sido canalizado para a cidade central em detrimento das freguesias periféricas.
Qual é o principal problema deste concelho e quais as prioridades segundo a CDU?
A primeira prioridade do conjunto grande das prioridades é um desenvolvimento mais igual e em que as periferias tenham o mesmo nível de qualidade que o centro tem. Falamos da rede viária, passeios, praças, condições de circulação dos peões e das pessoas com mobilidade reduzida e sobretudo de habitação.
Existe falta de habitação?
O que se passa na Maia é uma vergonha. Neste momento, a carência de fogos é largamente superior a um milhar. A autarquia fez um contrato com o IHRU para a construção de 757 fogos que são uma parte dos 841 que tinham sido identificados como necessidades sociais imediatas em 2017. Ou seja, falta um levantamento real das necessidades de habitação porque, entretanto, houve uma evolução demográfica. De famílias que vivem em condições de sobrelotação às que vivem em habitações degradadas e abarracadas. São muitas e ultrapassam o milhar.
E como pode esta carência ser resolvida?
Embora a primeira responsabilidade seja do Estado, a solução pode passar por o Município dotar-se de uma bolsa de terrenos para construção de habitação pública e também para a promoção de habitação cooperativa e para autoconstrução. Com apoios públicos, mesmo ao nível do projeto. Isto teria inclusive um efeito moderador nos preços dos terrenos, combatendo a espiral de especulação que na Maia, onde o preço da habitação é mais cara por metro quadrado, é inaceitável!
Em termos de transportes, qual é a situação?
A Maia não é bem servida de transportes. O centro urbano é razoavelmente servido, mas as freguesias não são e algumas delas nem ligação direta têm para o centro da Maia. É urgente criar linhas de autocarro que cubram todo o concelho e avançar com a linha de metro entre o Hospital de S. João e a Maia e o prolongamento da atual linha até à Trofa. E repor o transporte de passageiros nos ramais ferroviários de Leixões.
As questões ambientais têm tido bom tratamento?
Está em marcha uma nova política para os resíduos que visam transformar o processo mais num negócio do que num serviço público. É preciso cuidado no sistema de taxas a implementar.
Que análise faz a CDU à gestão do município?
É uma gestão de propaganda que ao nível do desempenho económico é quase salazarenta. O executivo gaba-se de transitar resultados positivos de exercício para exercício. Não é mau que sejam positivos e se economize, mas o que é verdade é que a taxa de execução do investimento direto de 2020 foi de apenas 48%. Há projetos que tiveram uma taxa de execução inferior a 30%. É uma Câmara de muita parra e pouca obra.