Natural de Viseu, fixou-se em Sintra em 2000 e não saiu mais de lá. Candidato pela terceira vez à Câmara de Sintra, Pedro Ventura já conta com um longo caminho na vida política do concelho.
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Foi vereador com pelouros entre 2012 e 2017, mas nas últimas eleições autárquicas recusou pastas, passando a ser vereador sem pelouros. A mobilidade, saúde e as desigualdades sociais são as prioridades para o candidato da CDU, que considera ainda que a Câmara não deve substituir o Estado "como tem feito".
É vereador na Câmara de Sintra desde 2012. Sente que tem vantagem sobre outros candidatos?
A candidatura da CDU não se resume a um homem só. É uma candidatura de homens e mulheres de Sintra, que aqui desenvolvem os seus projetos de vida. São, por isso, candidatos do povo e, não vindo do estrelato-político mediático, conhecem os problemas de uma forma profunda, e não pela "rama" como alguns que aqui vêm para tentarem ganhar protagonismo para outros voos. É aquilo a que o povo chama pára-quedistas.
Está a referir-se a quem?
Prefiro não dizer.
Como vereador, que temas já levou à Câmara de Sintra? Quais os mais prementes?
Fomos nós que defendemos a criação do Eixo Verde e Azul, uma importante área de lazer para Queluz. Alertamos a população para impedir a colocação de parquímetros em Queluz, Massamá, Agualva-Cacém, Rio de Mouro. Garantimos, na administração dos Serviços Municipalizados (SMAS), que as populações tenham água acessível e em condições. E sempre defendemos os vínculos de trabalho público dos trabalhadores das empresas municipais. Muitas das ideias que alguns candidatos agora defendem são bandeiras e lutas da CDU há mais de 15 anos.
Quais os principais problemas do concelho e as prioridades da CDU?
A saúde, a mobilidade e as desigualdades sociais. A resolução dos grandes problemas destas áreas não são exclusivos da competência do município. O executivo de Sintra tem substituído o Estado Central nas suas responsabilidades e, isso, a nosso ver, é mau para a população porque o dinheiro que aí investe falta depois para outras áreas da responsabilidade da Câmara, como a habitação.
E na área da mobilidade?
Não compreendemos o colocar na gaveta da construção da Circular Nascente e Poente ao Cacém, que resolveria muitos dos problemas de trânsito de Agualva-Cacém. Ou como o atual executivo convive, tranquilamente, com as portagens na A16 e na CREL.É preciso que a Câmara exija do Governo o investimento na renovação da linha de Sintra, recuperando as estações e colocando mais comboios. A Câmara não pode olhar para o concelho como se ele fosse homogéneo, porque não é. Deve canalizar o seu orçamento para as áreas menos desenvolvidas, como habitação, desemprego, espaços comuns urbanos, falta de programas para jovens, escassez de infraestruturas culturais e desportivas e, consequência disso, crescimento do racismo.
Que análise faz da gestão do município?
Observo uma tendência que não se altera: subserviência em relação aos vários governos. Todas as forças políticas, à exceção da CDU, assumem uma postura de constantemente "taparem os buracos" que os governos vão deixando. Quem tem um orçamento perto dos 340 milhões de euros não pode deixar de bater o pé ao governo e exigir mais verbas do orçamento de Estado. Todos os partidos, à exceção da CDU, votaram favoravelmente uma proposta que permite a construção de um mini-hospital retirando 50 milhões de euros do orçamento municipal. O Hospital é prometido há anos e nunca foi concretizado. Curiosamente, essas promessas acompanham sempre os momentos das eleições.