Ministério do Ambiente garante que "em nenhuma circunstância" os fundos ficarão em causa. Transporte não terá via dedicada, convivendo com os carros.
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Mesmo sem via dedicada na Avenida do Marechal Gomes da Costa, o projeto para o metrobus no Porto continuará a ser financiado pelas verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), garante o Ministério do Ambiente. Apesar de os pressupostos em que o transporte foi candidato aos 66 milhões de euros terem mudado - vai conviver com os automóveis, ao contrário do que tinha sido inicialmente previsto -, a tutela afirmou, em resposta ao JN, que "em nenhuma circunstância ficarão em causa as verbas para a materialização do projeto previsto no PRR, sem prejuízo de eventuais alterações que venham a ser adotadas".
A questão colocou-se depois de o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ter revelado, em Assembleia Municipal, que o transporte circulará na Avenida do Marechal Gomes da Costa "sem ser em via dedicada", indo "conviver com os automóveis".
A alteração terá surgido depois de moradores terem contestado a implantação de uma via dedicada para o metrobus naquela artéria. Mas o projeto continua a levantar muitas dúvidas: especialistas ouvidos pelo JN consideram que a "inserção do novo meio de transporte" naquela avenida seria sempre complexa e que a prioridade no investimento deveria ter sido dada à ligação a Matosinhos pela Avenida da Boavista.
Até à anémona
Em parte da Avenida da Boavista já existe um canal para autocarros, mas no atual contexto falta saber se no restante percurso a mesma solução será implementada.
Previa-se que ao percurso entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império fosse percorrido em 15 minutos. O contrato para a conceção (e construção) do projeto, que ainda está a ser elaborado, foi assinado no final de março. Nessa altura, foi revelado que, além da ligação Casa da Música/Praça do Império, o metrobus vai chegar à rotunda da Anémona, em Matosinhos.
Quem está responsável pela elaboração do projeto é o consórcio formado pelas empresas Alberto Couto Alves e Alves Ribeiro, em conjunto com a Metro e a Câmara do Porto.
No que toca à gestão da operação, será entregue à STCP, como já anunciou o autarca portuense. Aliás, de acordo com documentos do concurso citados pela Lusa, "admite-se que o BRT [bus rapid transit] funcionará como uma linha principal com ramificações, alimentada por linhas complementares, nomeadamente a rede da STCP". E "algumas estações do BRT coincidem com paragens da STCP".
Nova ligação
A obra vai arrancar entre julho e setembro deste ano e deve terminar no final de 2023, tendo sido adjudicada ao consórcio das empresas Alberto Couto Alves e Alves Ribeiro.
Oito estações
O metrobus entre a Casa da Música e a Praça do Império terá oito estações e um trajeto de 4,2 quilómetros. Os veículos, movidos a hidrogénio verde, terão uma frequência de passagem de 10 em 10 minutos.
O que é um metrobus?
O metrobus prevê a circulação de autocarros articulados num conceito semelhante ao do metro de superfície, circulando num canal dedicado e com prioridade sobre os carros.