Autocarros sem via dedicada na Avenida do Marechal Gomes da Costa. Alteração ao projeto pode pôr em causa financiamento de 66 milhões.
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O projeto do metrobus no Porto ainda está a ser elaborado, mas pelo menos na Avenida do Marechal Gomes da Costa os autocarros não deverão ter canal dedicado, ao contrário do que foi anunciado inicialmente, sendo obrigados a conviver com os automóveis. Em parte da Avenida da Boavista já existe um canal só para autocarros, mas no atual contexto falta saber se no restante percurso a mesma solução será implementada. Previa-se que a distância entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império fosse percorrida em 15 minutos.
O contrato para a conceção (e construção) do projeto foi assinado há cerca de uma semana. Na altura, foi revelado que, além da ligação Casa da Música/Praça do Império, o metrobus chegaria à rotunda da Anémona. O projeto está a ser elaborado pelo consórcio formado pelas empresas Alberto Couto Alves e Alves Ribeiro, em conjunto com a Metro e a Câmara do Porto.
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No entanto, há dias, em Assembleia Municipal, o presidente da Autarquia, Rui Moreira, revelou que o transporte circulará na Avenida do Marechal Gomes da Costa "sem ser em via dedicada", indo "conviver com os automóveis".
Segundo apurou o JN, a implantação de uma via dedicada para o metrobus naquela artéria tem sido contestada por moradores. Inicialmente, previa-se que, em cada um dos sentidos, uma das faixas seria para os autocarros e a outra para os automóveis. O corredor verde central é para manter. Agora, a opção parece ter mudado e o transporte terá de partilhar a via com o trânsito normal.
Verbas
O projeto tem financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de 66 milhões de euros. Mas, segundo apurámos, poderá ser posto em causa, uma vez que os pressupostos do transporte que foi candidatado aos fundos mudaram. O sistema de metrobus prevê a circulação de autocarros articulados, a hidrogénio, silenciosos e sem emissões poluentes, num conceito semelhante ao do metro de superfície, circulando num canal dedicado e com prioridade sobre os automóveis.
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Nos documentos do concurso, citados pela Lusa, "admite-se que o BRT [bus rapid transit] funcionará como uma linha principal com ramificações, alimentada por linhas complementares, nomeadamente a rede da STCP". Aliás, a operação do sistema será entregue à STCP, como já tinha anunciado o presidente da Câmara. "Ao longo do traçado, nas avenidas da Boavista e do Marechal Gomes da Costa, algumas estações do BRT coincidem com paragens atuais da STCP", acrescenta a documentação.