O jovem que é visto num vídeo a ser agredido por colegas, durante mais de 10 minutos, apresentou queixa na PSP da Figueira da Foz, esta quarta-feira de manhã. Agressoras estão identificadas e a polícia deu início a uma investigação ao caso.
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O diretor da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, da Figueira da Foz, Carlos Santos, está chocado com o vídeo que mostra um aluno da escola a ser agredido por um grupo de jovens, sem reagir, durante mais de 10 minutos.
Carlos Santos disse só ter tido agora conhecimento do vídeo, filmado no verão de 2014 num bairro central da Figueira da Foz, mas assegura que a escola vai dar todo o apoio ao jovem. A direção da escola denunciou o caso à PSP.
Em comunicado a PSP diz que "na sequência da publicação de um vídeo onde eram visualizadas agressões por parte de várias jovens do sexo feminino a um jovem do sexo masculino, estão a ser feitas diligências investigatórias por parte da PSP - Divisão Policial da Fig. Foz e em coordenação com o Ministério Publico. Das diligências já efetuadas, é possível adiantar que os factos terão ocorrido durante o verão passado, nas férias escolares", diz.
O agredido tem atualmente 17 anos e está a terminar o curso profissional de Multimédia e, sabe o JN, apresentou queixa na esquadra da Figueira da Foz, esta quarta-feira de manhã.
A PSP informa que alguns dos intervenientes são da Figueira da Foz", alguns já identificados.
"Foi hoje formalizado o procedimento criminal por parte da vítima, a qual se deslocou pessoalmente às instalações policiais para o efeito e confirmou o momento e circunstâncias do ocorrido".
Exigida intervenção
O vídeo que mostra duas adolescentes a agredir um rapaz, na Figueira da Foz, ao longo de 13 minutos e perante a passividade de outros jovens, levou dezenas de pessoas a exigirem a intervenção das autoridades.
O vídeo já foi visualizado por mais de um milhão de pessoas, 12 horas depois da sua divulgação. A página de apoio ao jovem agredido, uma comunidade também criada no Facebook, contava, esta quarta-feira de manhã, às 10 horas, com mais de dois mil apoiantes.
A PSP reforçou a segurança nas imediações de várias escolas da cidade da Figueira da Foz. O procedimento foi adotado para os intervalos das aulas na sequência de ameaças feitas nas redes sociais aos agressores.
O vídeo suscitou entretanto centenas de insultos e comentários de repúdio. Muitas outras pessoas reclamam a intervenção das autoridades judiciais, PSP e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que entretanto iniciou uma investigação.
A Procuradoria-geral da República adiantou à Agência Lusa que "existe um inquérito tutelar educativo no Ministério Público da Figueira da Foz", quanto aos agressores menores de 16 anos e que "foi também apresentada no Ministério Público, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Comarca de Coimbra, uma participação, relativamente aos maiores de 16 anos, pelas agressões e pela divulgação das imagens, encontrando-se a mesma "em investigação".
Filmado no verão de 2014
Apesar de ter sido agora divulgado com a informação de que as agressões aconteceram num estabelecimento de ensino da Figueira da Foz, o vídeo terá sido filmado há cerca de um ano, não numa escola, mas na via pública, junto a um complexo residencial do chamado Bairro Novo, zona turística da cidade. Envolve pelo menos cinco raparigas e um rapaz, para além da vítima, outro rapaz, agora com 17 anos.
No filme, o agredido começa por levar dois estalos dados por uma rapariga, atualmente com 15 anos e a principal agressora. Outra rapariga aproxima-se e, incentivada pelas amigas, dá três estalos ao jovem, mas depois recusa continuar e afasta-se, a rir.
O jovem, que ao longo do vídeo quase nunca esboça reação, aparece junto a uma parede, com os braços caídos, mãos atrás das costas. É depois novamente agredido pela primeira rapariga com mais um estalo. A agressora diz: "Isto é força, isto é força? Queres ver com mais força?" e dá um murro e mais seis estalos ao rapaz enquanto as amigas riem.
Em alguns momentos, as agressões cessam, quando passa alguém na rua. Até aos oito minutos do filme, a vítima volta a ser alvo da principal agressora.
Já no final do vídeo, o jovem recebe um copo de água da agressora, que, a certa altura, parece preocupar-se com o rapaz: fala com ele, numa conversa inaudível mas, chamada pelas amigas, despede-se com um forte murro.
Os envolvidos nas agressões, alunos de vários estabelecimentos de ensino da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, foram, na sequência da divulgação do vídeo, quase de imediato identificados no Facebook e insultados. Parte deles apagou as suas páginas nesta rede social.